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IX Regata Internacional de Botes Baleeiros em New Bedford: Equipa do Faial ganhou em Remo Feminino e Masculino

A vitória alcançada pela Comitiva Faialense na América é motivo de grande satisfação deste lado do Atlântico. As tripulações do Clube Naval da Horta (CNH) já se sagraram campeãs nas Regatas de Remo, realizadas em New Bedford (cidade-irmã da Horta desde 1972) no âmbito da IX Regata Internacional de Botes Baleeiros, que decorreu nos dias 7, 8 e 9 do corrente, naquela cidade dos Estados Unidos da América.

Em Remo Feminino, a equipa do CNH venceu as duas primeiras regatas, tendo a equipa americana ganho a 3ª, o que ditou a seguinte ordem no pódio: em 1º lugar o Faial; em 2º os EUA e em 3º o Pico.

Já em Remo Masculino, as 3 regatas tiveram como vencedora a equipa faialense, colocando a tripulação do CNH directamente na posição de campeã. Também em Remo Masculino, o 2º lugar foi ocupado pela equipa americana e o 3º pela equipa picoense.

Recorde-se que esta Prova é organizada pela Azorean Maritime Heritage Society (AMHS), tendo sido utilizados os 3 botes desta instituição: “Faial”, “Pico” e “Bela Vista”. Foi com estas embarcações que cada uma das tripulações realizou as Regatas de Remo e de Vela.

A Comitiva Faialense é composta por uma equipa feminina e uma masculina, de 9 elementos cada, bem como pelo Presidente da Direcção do CNH, José Decq Mota.

O Grupo Coordenador desta Comitiva integra o mais alto dirigente do CNH, José Decq Mota; Luís Alves, membro da Direcção do Clube; Rute Matos, Oficial Feminino, e Pedro Garcia, Oficial Masculino.

Esta é a 9ª Regata Internacional de Botes Baleeiros e a 4ª que tem como palco New Bedford. Sempre que a Regata se realiza deste lado do Atlântico é organizada pelo CNH e por uma entidade que representa a ilha do Pico, decorrendo as provas no Faial e no Pico. A última realizada cá foi no ano de 2015 e a próxima será em 2019.

A Comitiva Faialense sai de Boston na próxima terça-feira, dia 12, chegando a casa no dia seguinte.

Museu da Baleia em New Bedford

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Bote baleeiro patente no Museu da Baleia, em New Bedford

O Museu da Baleia, em New Bedford, no Estado do Massachusetts, EUA, é uma instituição de renome internacional que retrata a rica história da indústria da baleação e de New Bedford. Localizado no coração do Parque Histórico Nacional de New Bedford, o Museu destaca-se pelas exposições interactivas, incluindo o maior modelo de navio baleeiro do mundo; pela mostra de artes decorativas; pelas colecções de artefactos culturais, antiguidades raras, diários de bordo e exemplares de scrimshaw (gravação ou entalhe em marfim); e cinco esqueletos de baleia, incluindo da rara baleia azul e da baleia franca do Atlântico Norte.

Este Museu inaugurou, em Setembro de 2010, uma ala dedicada aos baleeiros dos Açores, uma cerimónia integrada no programa da V Regata Internacional de Botes Baleeiros, um dos marcos mais significativos da geminação entre as cidades da Horta, na ilha do Faial, e de New Bedford, nos EUA, onde reside uma importante comunidade emigrante faialense (e açoriana).

A “Azorean Whalemen Gallery” é a única exposição permanente nos EUA que destaca a contribuição portuguesa para o património marítimo americano, nomeadamente para a história da baleação de New Bedford e dos Açores.

A exposição, intitulada “A Baleação no Faial: Fase Industrial (1940-1984)”, foi organizada na sequência de uma parceria estabelecida entre o Observatório do Mar dos Açores (OMA) e a empresa “Reis & Martins Lda”, com o apoio da Câmara Municipal da Horta (CMH). Esta mostra reflecte os centros nevrálgicos da baleação no Faial (Fábrica da Baleia de Porto Pim e Armazéns da “Reis & Martins” – Rua Nova), sem esquecer “as novas indústrias do sector”: o whale whatching (observação de baleias), o turismo, a arte e a ciência. São ainda destacadas obras diversas de distintas personalidades que vivenciaram a baleação no Faial ao longo do Século XX

A ligação entre as duas cidades começou a ganhar importância quando o Porto da Horta se tornou abrigo para os grandes barcos baleeiros provenientes de New Bedford, tendo esta cidade sido, mais tarde, o destino de uma das primeiras vagas da emigração dos Açores para os EUA.

A importância desta indústria

 

De grande importância para a economia das ilhas, principalmente do Faial e do Pico, a caça à baleia desenvolveu-se essencialmente na segunda metade do século XIX. Do cachalote aproveitava-se tudo. A gordura transformada em óleo é exportada para o estrangeiro para ser usado como combustível e lubrificante ou utilizado na indústria farmacêutica e de cosmética, no fabrico de sabonetes e perfumes. Os ossos, quando transformados em farinha, serviam como fertilizantes e rações para gado. Quando no interior do cachalote se tinha a sorte de encontrar âmbar, o lucro da caça duplicava, visto ser um produto muito raro e, consequentemente, de grande valor comercial.

Tudo começava com o lançar do foguete pelo vigia colocado em pontos altos e que durante horas a fio perscrutava, com o seu binóculo, o mar à procura dos movimentos ou do bufo dos cachalotes. Era o sinal para juntar a tripulação e lançar os botes ao mar em perseguição destes mamíferos, faina que podia durar horas ou até dias.

Vislumbrando uma luta duríssima e perigosa entre homem e animal, com técnicas arcaicas e embarcações pequenas e frágeis, os sete tripulantes de cada bote faziam-se ao mar, cada um com a sua função bem determinada, muita bravura e ousadia.

O bote baleeiro açoriano é uma embarcação única e bela pela sua aerodinâmica, adaptada das canoas que seguiam a bordo dos grandes navios baleeiros americanos no século XIX e que enchiam a Baía da Horta, para aqui receberem como tripulantes os valentes marinheiros das ilhas, aliás como descreve Melville no seu famoso “Moby Dick” (1851): “ Um não pequeno numero de baleeiros procedia dos Açores, onde, frequentemente, as barcas de Nantucket lançavam âncora para completar, com entroncados campesinos dessas ilhas rochosas, as suas tripulações ... era entre os insulanos que saíam os melhores baleeiros”.

A dimensão épica da caça à baleia nos Açores inspirou muitos artistas, historiadores, jornalistas e escritores ao longo de décadas como  Raúl Brandão (“Ilhas Desconhecidas”); Vitorino Nemésio (“Mau Tempo no Canal”); Bernard Venables (“Baleia!”); Dias de Melo (“Mar pela Proa”); António Tabucchi (“A Mulher de Porto Pim”), entre tantos outros.

A caça à baleia terminou nos anos 80 do século XX, mas mantém-se o orgulho na história da faina e tradição baleeira com a recuperação do seu património com fins culturais, como o Museu dos Baleeiros, nas Lages do Pico, ou a Fábrica da Baleia de Porto Pim, no Faial, ambos de visita obrigatória. Com fins também desportivos recuperaram-se botes baleeiros que rivalizam em regatas à vela e a remos com equipas das diferentes ilhas ou em regatas internacionais com botes americanos de New Bedford.

A caça à baleia deu lugar ao Whale Watching, contributo para o turismo regional e que de ano para ano vê crescer o numero de visitantes que não regressam a casa sem antes viver a experiência de ver, fotografar e se emocionarem com estes seres do mar, nos Açores.

(Fontes: https://museudabaleia-newbedford.org/visit; http://www.acorianooriental.pt/noticia/galeria-acoriana-no-museu-da-baleia-de-new-bedford-207964http://turismo.cmhorta.pt/index.php/pt/historia-e-tradicoes/baleacao e http://expresso.sapo.pt/actualidade/museu-nos-eua-inaugura-ala-dedicada-aos-baleeiros-acoreanos=f602422).

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