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Belchior Neves, Treinador de Iniciação de Vela Ligeira do CNH: “Gosto de transmitir às crianças aquilo que já vivi e sei”

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É com os amigos que Belchior consegue relaxar

Belchior Neves tem apenas 25 anos, mas já viveu muitas experiências, primando pela responsabilidade. É um otimista (realista) por natureza e detesta a rotina. Por isso, não se importa de aprender sempre coisas novas, pois isso implica aprendizagem e evita estar parado. Prefere mesmo ir ao cerne da questão, que é como quem diz, ao coração das peças, desmanchá-las e voltar a reparar tudo, o que constitui uma oportunidade de perceber como se faz, à própria custa. É desenrascado e afirma que é preciso ter capacidade de improviso na Vela para, quando as situações se depararem, saber como resolvê-las. Foi atleta de Vela Ligeira no Clube Naval da Horta, onde se destacou, regressando agora na missão de Treinador de Iniciação.

Considera que ensinar as camadas de Iniciação é uma grande responsabilidade, mas promete transmitir tudo o que sabe e viveu. Paralelamente à Vela, confessa a sua paixão pelo Windsurf e já garantiu que vai trabalhar para dinamizar esta Secção do CNH, dona de um passado glorioso. Aqui fica a conversa com este jovem trabalhador, perfeccionista e obstinado, que prefere a acção às palavras, dando mostras de poder ser uma grande mais-valia para o CNH.

“A Vela nunca é igual nem nunca está aprendida”

- Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta: Ser Treinador de Iniciação de Vela Ligeira no CNH, é sinónimo de regressar a uma casa onde já foste muito feliz?
- Belchior Neves: São visões bastante diferentes. Antes, vinha para o Clube com o objectivo de competir mais e melhor. Agora, no papel de Treinador, tento perceber como é que posso ajudar os atletas a melhorarem. Venho cá ao fim-de-semana e compreendo que não vou ter grandes resultados a curto prazo tratando-se de crianças, mas sei que, daqui a uns anos, certas coisas que eu lhes ensino hoje ou amanhã, vão aplicar mais tarde. É uma visão mais futurista e não tanto a curto prazo como era na altura em que eu estava no papel de atleta.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Como é que se dá esta mudança na tua vida?
- Belchior Neves: A Vice-Presidente, Olga Marques, contactou-me no sentido de dar treinos de Iniciação de Vela. E está a correr bem. Podia haver mais alunos, o que eu gostava que fosse uma realidade, mas há que apostar naqueles que realmente querem.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Mas os que querem é mesmo a sério?
- Belchior Neves: Os mais fiéis à modalidade são uns 5 ou 6, sendo superior o número dos faltosos. Mas aqueles que querem mesmo vêm sempre, incluindo nos dias de mais mau tempo e chuva. Quando o tempo começar a melhorar, certamente que vai aumentar o número de atletas. O bom tempo ajuda bastante. De Inverno ou de Verão, os que têm vontade, metem-se na água de qualquer maneira. A água para eles é tão natural como jogar à bola.

- Gabinete de Imprensa do CNH: A Vela é difícil?
- Belchior Neves: A Vela não é dificil, mas como são crianças com 6/7 anos, e mesmo a partir dos 8/9 anos, é tudo novo. Estamos a falar de uma modalidade em que têm de estar atentos a muita coisa ao mesmo tempo e nem sempre é fácil estarem concentrados. Estão a aprender tudo pela primeira vez e torna-se um bocadinho difícil. Eles demonstram vontade, mas como é normal nestas idades, temos de levar isto mais para a parte da brincadeira e não tanto a sério. Contudo, conseguem reter muitos ensinamentos. Muitos deles vão aprendendo e já sabem o que têm de fazer.

“Gosto que eles fiquem a conhecer as coisas como também as aprendi”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Gostas de ensinar?
- Belchior Neves:
Gosto de transmitir aquilo que já me foi transmitido por certos treinadores que tive. Gosto que eles fiquem a conhecer as coisas como também as conheci ou aprendi, com certas vivências que tive com pessoas mais velhas. Comigo, isso resultou. Certas ocasiões que ocorreram fizeram com que tenha aprendido na altura. Gosto de transmitir às crianças aquilo que já vivi e sei.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Qual o feedback que tens dos alunos?
- Belchior Neves:
Basta olhar para a cara deles quando estão nos treinos de Optimist e perceber que estão a gostar do que estão a fazer. Nem sequer são as palavras, porque estamos a falar de crianças que ainda nem sabem muito bem o que estão a fazer ali, mas olhar para a cara deles e ver certos sorrisos e expressões que denotam que estão a gostar do que estão a fazer, é o melhor feedback que posso ter neste tipo de modalidade.

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“Olhar para as caras deles e ver certas expressões, é o melhor feedback que posso ter”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Tens ambições de ser Treinador de Competição?
- Belchior Neves: Ao princípio nem queria esta fase de Iniciação, porque é a altura mais importante para os alunos. Têm de reter certas coisas enquanto são crianças, porque à medida que o tempo vai passando, se não aprendem da maneira certa desde que começam, depois torna-se difícil melhorar a sua aprendizagem. Esta é uma fase muito importante. Achava que não tinha muito jeito para transmitir isso aos miúdos. Tento fazer sempre o melhor, mas é muito dificil. Tinha preferido outras camadas mais adultas.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Começaste a fazer Vela no Clube Naval da Horta e aqui viveste momentos muito importantes como velejador...
- Belchior Neves: Os meus primeiros passos na Vela Ligeira aconteceram aqui, no Clube Naval da Horta, quando tinha 5/6 anos e ficou-me para sempre o bichinho por este desporto. Depois fui para a Terceira 1 ano (onde fiz Optimist) e deixei de praticar durante 2 anos. Na Madeira, para onde fui a seguir, ainda pratiquei Optimist, mas o meu grande foco foi o Windsurf. Com 15 anos regressei ao Faial (estive fora desde os 7) e continuei a ser velejador do CNH, da Classe 420. Pratiquei Vela até 18 anos. Estes 3 anos foram aqueles em que mais me dediquei à Vela Ligeira. Muitas vezes não tinha treinador, mas treinei sempre. Na minha última fase – que considero boa – fui treinado pelo Pedro Cipriano, que actualmente é Treinador do Angra Iate Clube, na Terceira. Fomos Campeões Regionais na 2ª época e depois também fomos ao Campeonato Nacional, em que ficámos em 7º ou 8º lugar.  Deu para criar outro gosto e maturidade em relação à Vela. Posteriormente, estive ainda 3 anos em Lisboa e aí não pratiquei nada, praticava apenas quando vinha ao Faial.
Ao todo, são 18 anos – com interrupções – de prática da Vela e de Windsurf.

“Os últimos 2 anos foram aqueles em que consegui tornar-me melhor velejador”

- Gabinete de Imprensa do CMH: Qual foi a fase mais importante?
- Belchior Neves: O que mais retenho são as minhas últimas épocas de 420, porque foram os anos em que levei tudo bastante a sério, juntamente com um colega que tinha. Apesar de me lembrar de tudo o que tenho para trás, os últimos 2 anos foram aqueles em que consegui tornar-me melhor velejador.  
Gostava de ser Treinador da Classe de 420 no CNH, caso houvesse uma equipa com vontade e determinação, assim como eu tive. Na altura, recebi bastante apoio do Pedro Cipriano. Ele também queria aprender muito sobre a Vela, e como via em mim e no meu colega – João Morais – essa grande determinação e vontade de aprender, ele também evoluiu nesse aspecto e, a meu ver, actualmente continua a ser um bom treinador.
Desde o dia em que ele foi anunciado como nosso Treinador aqui, nesta sala – Centro de Formação de Desportistas Náuticos do Clube Naval da Horta – até ao último ano em que fui atleta dele, notei também por parte dele uma grande evolução connosco. Sempre que íamos fora, tentávamos pesquisar mais sobre esta modalidade. Houve uma evolução constante da parte dele e da nossa ao longo destes anos. Por isso, quando falo na determinação que gostava que houvesse por parte de alguém em apostar na Classe 420, é porque tinha gosto de poder transmitir aquilo que eu tentei procurar durante os anos que fiz Vela. Não era só vir aqui ao Clube, montar um barco e ir para a água. Em casa, procurávamos saber certas afinações do barco e evoluir sempre mais. Para isso, via bastantes vídeos e quando vinha treinar, tentava aplicar aquilo tudo que via em casa, para perceber se era melhor ou pior.
Só me dedicaria como Treinador de 420 se visse que havia 1, 2 ou 3 equipas que manifestassem essa vontade de chegar um bocadinho mais à frente do que vir aqui só ao fim-de-semana andar à Vela.

“Às vezes, apetece estar no lugar dos alunos”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Dar formação realiza um atleta?
- Belchior Neves: Nem sempre, às vezes apetece estar lá no lugar dos alunos. Ser Treinador tem aspectos bons e menos bons. Faz-me lembrar um passado que gostava de voltar a ter. Mas agora é um bocadinho difícil competir. Vou concentrar-me na formação.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Só pode ser Treinador quem já praticou?
- Belchior Neves: Torna-se sempre difícil tentar dar formação numa área em que não se tem conhecimento. Mesmo que seja um conhecimento teórico. A prática é bastante importante, aliás, torna-se a mais importante. Para se começar a andar à Vela, é preciso saber alguma teoria, mas há sempre certas situações em que a teoria e a prática são importantes.

“Vou ajudar a dinamizar a Secção de Windsurf do CNH”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Para ti, o Windusurf já é mais importante do que a Vela?
- Belchior Neves: Neste momento, é o desporto que mais gosto de praticar. Já passou a perna à Vela, apesar de ser uma modalidade da Vela. O Windsurf é uma prancha à Vela, portanto, no meu entender, é uma modalidde da Vela, porque tem todos os termos que existem na Vela Ligeira. Quem pratica Vela ajuda bastante na modalidade do Windsurf. É mais fácil aprender Windsurf se já tivermos algum relacionamento com a Vela do que começar do zero, porque já há noções de vento, arribar, etc. Até certos nomes da Vela Ligeira aplicam-se ao Windsurf. Há uma ligação entre estas modalidades.
No Faial, pratico Windsurf sempre que posso, embora não pertença à Secção do CNH. Já me convidaram para dar uns Cursos de Formação. Sempre que posso, ajudo, mas não tanto como na Iniciação da Vela Ligeira, onde comecei como Treinador em outubro de 2016.

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“O Clube Naval da Horta já teve uma grande Secção de Windsurf e penso poder contribuir para o seu ressurgimento”

- Gabinete de Imprensa do CNH: Podemos dizer que és um Treinador de Vela, onde dás formação, e um praticante de Windsurf, onde te realizas?
- Belchior Neves: O Windsurf é a minha diversão. É onde consigo divertir-me sozinho. É um desporto individual, mas também se torna super-agradável quando há outras pessoas a praticar, até é melhor. O Windsurf agora é um hobby. Sempre que posso e as condições são favorávei, pratico.
Vou dar uma ajuda na Secção de Windsurf do CNH, no sentido de dinamizá-la até, porque, o Clube Naval da Horta já teve uma grande Secção de Windsurf. Era bom que ressurgisse e penso que posso contribuir para isso, dando formação. O que vou ensinar às pessoas que vêm tirar o Curso são meras experiências minhas, que obtive ao longo do tempo até chegar ao nível em que estou nesta modalidade.

“Acho que o Clube está a precisar de uma remodelação muito grande”

- Gabinete de Imprensa do CNH: É possível dar formação, mesmo com as dificuldades existentes no Clube Naval da Horta?
- Belchior Neves: Apesar das dificuldades, acho que o CNH ainda consegue ajudar bastante os altetas que cá vêm e que tentam fazer alguma coisa. Para se fazer mais, também é preciso haver mais vontade por parte das pessoas. É imprescindível haver alguma mudança nessa parte e, naturalmente que melhor equipamento também ajudava bastante.
O material sozinho não faz nada. É preciso capital humano. Acho que o Clube está a precisar de uma remodelação muito grande.
Consigo trabalhar com o que tenho, apesar de que poderia ser um bocadinho melhor. Em certas alturas, é um pouco desmotivador, porque como estamos a falar de crianças, em dias de mais mau tempo, às vezes não consigo dar treino. Requeria ter outro tipo de velas para mais vento. Como são crianças, ou seja, são leves – com menos de 30 quilos – as velas normais de Optimist já não se adequam. Se houvesse outro equipamento, seria muito interessante em situações um pouco mais adversas aprender a controlar o barco. Contudo, também há muitas coisas que se pode fazer em terra quando está mau tempo, como por exemplo aprender a dar nós, a montar uma vela no mastro e na retranca, etc.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Esta é a tua primeira experiência a ensinar?
- Belchior Neves: Enquanto atleta, já tinha ajudado a dar treinos, no Verão. Colaborava como voluntário. Vinha, com outros colegas, ajudar o nosso Treinador na altura das Férias Desportivas, projecto que reunia muitas crianças.  

- Gabinete de Imprensa do CNH: Consideras que a Escola de Vela é fundamental para o ensino e sua divulgação?
- Belchior Neves: É aqui que se começam a criar velejadores para as fases de competição e não só. Para começar a ganhar o gosto pela Vela, esta fase é fundamental.

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que dirias para me convencer a ir aprender a velejar?
- Belchior Neves: Que são experiências que em terra não se consegue obter de maneira nenhuma. Posso estar aqui a falar todo o dia da Vela, mas em situações práticas e na altura, é muito difícil pensar o que acontece na teoria para se aplicar na prática. Na Vela, é preciso ter espontaneidade para fazer as coisas na altura certa. Até pode ser de acordo com a teoria, mas nem sempre se está a pensar naquilo que a teoria diz. Faço aquilo na altura, porque foi assim que me ensinaram e é assim que deve ser. É preciso ter algum sangue frio para inverter o rumo das coisas.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Como vês a Vela no CNH?
- Belchior Neves: Acho que já foi melhor. Já houve anos em que a Vela (mesmo de Cruzeiro) contava com mais barcos. Houve uma quebra bastante significativa.

BILHETE DE IDENTIDADE:

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que fazes nos tempos livres?
- Belchior Neves: Windsurf, surf... O surf é bom com tempo mais calmo e o Windusrf com mais vento.
Também gosto de caça submarina e ando de bicicleta, esporadicamente. Pratico basquetebol no Atlético.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Há tempo para isso tudo?
- Belchior Neves: Ainda há.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Qual o teu prato favorito?
- Belchior Neves: Não tenho. Não sou esquisito, mas gosto bastante de peixe e se for para escolher entre carne e peixe, fico com o peixe.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Qual o filme que te marcou?
- Belchior Neves: Gosto de filmes de acção e de ficção.

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que te relaxa?
- Belchior Neves: Conviver com os amigos.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Fazes questão de estar sempre activo?
- Belchior Neves: Gosto de me manter activo. Se não tiver nada para fazer, aproveito para descansar, mas tenho sempre coisas para fazer. Sou uma pessoa activa e gosto de desporto e de praticar desporto.

“Poderia viver sem o mar, mas não era mesma coisa”

- Gabinete de Imprensa do CNH: É uma vida muito canalizada para o desporto. Não poderias viver sem o mar?
- Belchior Neves: Poderia viver sem o mar, mas não era a mesma coisa.

- Gabinete de Imprensa do CNH: O que não conseguirias fazer?
- Belchior Neves: Trabalhar em espaços fechados! Trabalhar sentado a uma secretária, é algo que não conseguiria fazer.  

- Gabinete de Imprensa do CNH: O mar dá-te essa liberdade?
- Belchior Neves: Muito!

- Gabinete de Imprensa do CNH: A tua actividade profissional também é relacionada com o mar?
- Belchior Neves: Sim. O meu Curso é Contra-Mestre da Marinha Mercante. Neste momento, estou a estagiar no rebocador “São Luís”, na parte de Marinheiro, mas faço de tudo.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Como será a vida depois do Estágio? Onde?
- Belchior Neves: A minha vida será sempre embarcado. Talvez fique no Faial, para já. Gostava de evoluir na minha categoria profissional. Considero que temos de começar por baixo, havendo um percurso a percorrer até chegar a Contra-Mestre, o que obriga a ter muitos conhecimentos em relação ao tipo de actividade que faço, a coordenação de uma tripulação na parte do convés, etc. E depois para chegar a essa categoria, é preciso um percurso de vários anos. Por isso, estou a começar como Marinheiro de 2ª classe, porque tenho de passar por todas essas fases.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Gostas do que fazes?
- Belchior Neves: Sinto-me realizado com o que faço.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Era o teu sonho de menino?
- Belchior Neves: Houve uma altura em que queria ser piloto de navios, mas ao longo dos anos percebi que não poderia ser, porque não ia conseguir estar sempre a fazer as mesmas coisas. Acabaria por ser sempre a mesma coisa, apesar de no mar nunca haver dias iguais.

- Gabinete de Imprensa do CNH: A rotina amofina-te?
- Belchior Neves: Gosto de ir sempre aprendendo coisas novas. Estar parado, não é para mim. Mesmo que fosse ser mecânico de carros, era algo interessante e que gostava de aprender, porque implica uma linha de aprendizagem rumo à evolução. Gosto de ter conhecimentos em várias áreas e gosto de aprender da pior forma, que é mexer, avariar e tentar reparar de novo. Montar e desmontar é comigo!

- Gabinete de Imprensa do CNH: A Vela nunca é igual?
- Belchior Neves: A Vela nunca é igual nem nunca esta totalmente aprendida! A experiência ajuda bastante em certas situações, mas todos os dias é diferente.

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“Para andar no mar é preciso gostar e levar as coisas com determinada seriedade e o CNH fomenta bastante isso”

“Cada um deve seguir o caminho que o realiza”

- Gabinete de Imprensa do CNH: És uma pessoa desenrascada e isso dá-te jeito?
- Belchior Neves: Ser uma pessoa desenrascada na Vela, ajuda bastante. Saber mexer, improvisar, estar preparado para o imprevisto, são achegas importantes. Nunca fico apeado. Dá jeito saber outas coisas. Quem anda no mar, tem de ser desenrascado. Estas profissões só são possíveis de aguentar para quem tem vontade, tornando-se depois normal. As pessoas devem seguir o caminho que as realiza. Mesmo a nível de segurança, é fundamental. Para andar no mar, é preciso gostar e levar as coisas com determinada seriedade. Se formos a ver, em termos de registo não há acidentes marítimos. As pessoas já têm um certo respeito pelo mar, porque cresceram aqui e estão habituadas a este tipo de ambiente. É importante ir criando esse tipo de respeito e envolvência pelo mar. Já temos essa consciência, que também é bastante fomentada pelo Clube Naval da Horta.  

- Gabinete de Imprensa do CNH: Queres revelar alguns dos teus defeitos?...
- Belchior Neves: Sou perfeccionista.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Qual o teu signo?
- Belchior Neves: Caranguejo.


“Não gosto de fazer por fazer mas, sim, com qualidade e bem feito”

- Gabinete de Imprensa do CNH: E qualidades...
- Belchior Neves: Costumam dizer que sou bastante trabalhador, apesar de eu achar que é normal.

- Gabinete de Imprensa do CNH: És uma pessoa responsável?
- Belchior Neves: Sim. Quando me pedem algo, trabalho para que gostem daquilo que vêem. Não gosto de fazer por fazer, mas, sim, de fazer com qualidade e bem feito. Sou bastante de agir no momento.

- Gabinete de Imprensa do CNH: És exigente?
- Belchior Neves: Mesmo quando estou a ensinar os mais velhos, como já tinha algum conhecimento na idade deles do que queria ou não fazer, quando olho para eles gostava de os ver a fazer aquilo que eu já fazia.
Sim, sou exigente, mas se não houver exigência por parte do Treinador, eles também não levam a Vela a sério.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Se voltasses atrás, o que mudavas?
- Belchior Neves: Nunca teria deixado de praticar Vela, mas foi nesse tempo que nasceu o gosto pelo basquetebol. Quando voltei para o Faial e só praticava Vela ao fim-de-semana, virei-me também para o basquetebol. A vida de saltimbanco que fiz durante algum tempo, permitiu-me aprender outras coisas.

- Gabinete de Imprensa do CNH: Pretendes voltar a sair do Faial?
- Belchior Neves: Se puder ficar no Faial para sempre, fico. Gosto da simplicidade que as ilhas oferecem, mas também gosto de sair e viajar.
Acho que as pessoas já começam a dar mais valor ao que temos aqui, no Faial. Só depois de ter passado 3 anos em Lisboa a estudar, onde não gostava de viver, é que comecei a olhar para este cantinho de maneira diferente. Agora, já o vejo com outros olhos. Em Lisboa é tudo diferente!...

Fotografias cedidas por: Belchior Neves

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