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ARC Europe 2018: Falta de vento faz com que primeiro barco só chegue ao Faial na tarde deste sábado, dia 26

29 barcos navegam rumo à Horta

A falta de vento fez com que o primeiro barco da ARC Europe 2018 não tenha chegado ao Faial na tarde desta sexta-feira, dia 25, tal como estava previsto. Manuel Ferreira Lima, Assistente do Director do evento (Mark Burton) aponta a tarde deste sábado, dia 26, como sendo a altura em que o primeiro veleiro deverá cortar a meta, na cidade da Horta.

A ARC Europe é um ‘rally’ do Atlântico Oeste-Leste, navegando do Caribe ou da América do Norte para a Europa, organizado pelo World Cruising Club, que todos os anos tem paragem obrigatória na ilha do Faial.

A partir de Nanny Cay Marina, em Tortola, Ilhas Virgens Britânicas, ou Ocean Marine Yacht Center, em Portsmouth, Virgínia, as duas frotas reúnem-se em St. Georges, na Bermuda, antes de cruzar o Atlântico rumo aos Açores.

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Mark Burton, Director da ARC Europe 2018, e Manuel Ferreira Lima, seu Assistente, à mesa, no “Peter Café Sport” 

Em entrevista concedida ao Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta (CNH), na manhã desta sexta-feira, dia 25, Manuel Ferreira Lima, que se encontrava a trabalhar no Secretariado da prova – montado novamente este ano no Centro de Formação de Desportistas Náuticos, cedido pelo CNH – revelou que este “rally” teve início no dia 5 deste mês. De Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas, sairam 18 barcos, e de Portsmouth, Virgínia, partiram 5, aos quais se juntaram 8 nas Bermudas. Destes 31 veleiros, 2 seguiram directamente para os Estados Unidos da América, pelo que, a caminho do Faial navega um conjunto de 29.

Este elemento da Organização da ARC Europe 2018 sublinha que “atravessar o Atlântico em grupo ou sozinho é completamente diferente em termos de segurança”, pelo que a primeira opção é a mais escolhida.

A Organização presta informações sobre a travessia; fornece elementos meteorológicos; promove seminários de segurança antes da saída, em que os participantes são convidados a lançar as balsas e a ter em conta todos os procedimentos relacionados com a sua própria segurança. Além disso, são ainda realizadas inspecções de segurança, em que o barco é passado a pente fino, havendo uma lista de requisitos a cumprir por parte dos proprietários.

Neste ano de 2018 figuram 114 tripulantes de 16 nacionalidades, havendo “um maior número de barcos, de tripulantes e de nacionalidades envolvidas”, (conforme lista em anexo).  

“Conhecer novas pessoas e fazer amizades, são aspectos importantes desta aventura”, pelo que, em Tortola e Portsmouth, decorreram actividades sociais – como jantares de boas-vindas, recepções, etc – que permitiram que as tripulações se conhecessem melhor. Aliás, em todos os portos são organizados programas visando estes objectivos.

arc europe manuel ferreira lima 1 2018

Manuel Ferreira Lima já está envolvido neste Projecto há cerca de 4 anos

Pela sua experiência, sustenta que “estes povos do Norte da Europa são pessoas muito organizadas mas, simultaneamente muito fechadas, pelo que eventos desta natureza constituem boas oportunidades para socializarem”.

Questionado sobre o interesse manifestado relativamente ao passeio em Bote Baleeiro, oferecido pelo CNH, o Assistente do Director do evento, sublinha: “Eles adoram este passeio, sendo muito concorrido. Este momento funciona como uma oportunidade única a nível mundial, pela carga histórica que estas embarcações encerram. Sem dúvida, que estes viajantes se apercebem da importância deste património e da sua situação privilegiada em poderem usufruir do mesmo”.

Horta: porto mítico

Manuel anda neste Projecto há perto de 4 anos e garante, de forma desassombrada que, “a par de Sagres, a Horta é o porto mais mítico do mundo da náutica de recreio. É conhecido mundialmente, constituindo uma referência para os lobos do mar”.

Naturalmente que existem outros pontos míticos como o Cabo da Boa Esperança ou o Canal do Panamá, para só referir estes, mas “o “Peter Café Sport” é, sem dúvida, um cais seguro e desejado para que vem das Caraíbas até ao Mediterrâneo e ao chegar aqui sente este calor humano. É difícil chegar ao Faial, por estarmos a falar de viagens duras, e acho que é essa sensação de vitória que contribui para dar à Horta esse simbolismo tão significativo para eles. São pessoas largamente experientes, detentoras de condições técnicas e psicológicas muito grandes, se tivermos em conta que navegam mais de duas semanas sempre contra o vento. É preciso ter estofo para empreender viagens destas, o que revela serem marinheiros à séria”.

Depois de terem vindo da Bermuda, onde “é tudo caríssimo”, chegar à Horta é encontrar o paraíso, com “boa comida, preços acessíveis, gente simpática e acolhedora que sabe receber e, acima de tudo, muita segurança. É todo este conjunto de factores que dá este misticismo ao Faial. Todos os que andam à Vela vêm ao Peter.

O à vontade com que andam aqui, na Horta, é espantoso. É inacreditável que isto aconteça nos dias de hoje. Nada disto seria possível nas Caraíbas. Ninguém deixaria os barcos abertos ou os sapatos no pontão.

Fui com um grupo almoçar ao “Atlético” e uns miúdos suecos vieram sozinhos até ao barco de trotinete. Incrível!”

Programa no Faial

No Faial, a comitiva irá permanecer desde este sábado, dia 26, até ao dia 1 de Junho (sexta-feira próxima). Para estes dias, foi organizado um programa, cujas actividades têm início segunda-feira, dia 28.

Dia 28 de Maio – segunda-feira:

18h30: Bebidas de boas-vindas no “Peter Café Sport”, um lugar icónico para receber os recém-chegados todos os dias. ‘Vouchers’ oferecidos pelo “Café Sport”.

Dia 29 de Maio – terça-feira:

18h30: A partir desta hora, concentração no “Peter Café Sport”.

19h30: Jantar de tripulações no Restaurante “Canto da Doca”. Cozinhe a sua própria comida numa pedra vulcânica quente.

Dia 30 de Maio – quarta-feira:

17h30: Passeio em Bote Baleeiro – embarcação que era usada na caça à baleia – oferecido pelo Clube Naval da Horta.

19h30: ‘Happy Hour’ no Bar do Clube Naval da Horta.

Dia 31 de Maio – quinta-feira:

18h30: A partir desta hora, concentração no “Peter Café Sport”.

19h30: Jantar de tripulações no Restaurante “Canto da Doca”. Cozinhe a sua própria comida numa pedra vulcânica quente.

Dia 1 de Junho – sexta-feira:

08h00-20h00: Formalidades a tratar na Marina da Horta.

10h00: ‘Briefing’ na Sala “Peter”, destinado a preparar o Cruzeiro a realizar nas ilhas dos Açores (Faial, Terceira, São Miguel e Santa Maria).

14h00: Volta à Ilha do Faial, com guia turístico, oferecida pela Direcção Regional de Turismo.

17h30: Recepção de Boas-Vindas, da responsabilidade da Direcção Regional de Turismo, no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, onde haverá a Entrega de Prémios relativa à 2ª perna da ARC Europe 2018: Bermudas/Horta.

Dia 2 de Junho – sábado:

07h00: Saída do Faial em direcção à Terceira.

Um ‘Rally’ com 3 pernas

A ARC Europe é um ‘rally’ que se desenrola ao longo de três etapas ou três pernas. A primeira compreendeu Tortola/Bermuda, tendo a respectiva Entrega de Prémios sido precisamente na Bermuda.

A segunda etapa encontra-se a decorrer, sendo Bermuda/Açores, neste caso, ilha do Faial. O Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos será o palco da segunda Cerimónia de Entrega de Prémios, como já vem sendo habitual.

O programa prevê que os velejadores naveguem livremente à Vela entre as ilhas até Santa Maria, um novo ponto incluído na viagem deste ano, visto por Manuel com particular interesse, se pensarmos que poderá ficar a conhecer mais uma ilha da Região.

A terceira perna ligará Santa Maria a Lagos, onde irá decorrer a última Entrega de Prémios, no dia 17 de Junho.

Questionado sobre a forma como estes marinheiros olham para as diferentes ilhas, o nosso entrevistado diz que “têm tendência para ver o Arquipélago como um todo”. E prossegue: “Mas atendendo a que a Horta é o primeiro porto que encontram depois de enfrentarem diversas dificuldades, naturalmente que tem todo este peso”.

Competição não é a base mas existe

Embora seja verdade que a competição não constitui o mote desta viagem e que os participantes estão autorizados a usar o motor, a realidade é que todos querem ser os primeiros e os melhores. A coroar esse esforço, os prémios são um forte atractivo, não pelo valor em si – idealmente devem corresponder a peças leves e seguras que aguentem temporal nos barcos e ocupem pouco espaço ou, então, serem compostos por produtos locais como vinhos, queijos, etc, o que é sobejamente apreciado – mas por serem sinónimo de significativos momentos de festa, diversão, convívio e até aculturação.

Como tal, há uma divisão por classes, sendo medido o tempo em que foi usado o motor e, assim, feito o apuramentos dos vencedores.

Sair da zona de conforto

Manuel sabe que a maior parte destes participantes vive no barco. “Esta gente do Norte da Europa, depois de ter os filhos encaminhados, vende a casa e o carro e compra um barcão. O dinheiro das reformas permite-lhes viver e manter o barco. Estamos a falar de pessoas que sempre tiveram tudo mas sentem necessidade de sair da sua zona de conforto. E o mar personifica uma autêntica aventura, contrariando a vida certinha que tiveram até iniciarem esta mudança radical.

Esta imprevisibilidade, dentro deste tipo de evento, dá-lhes alguma previsibilidade, já que a Organização garante as condições meteorológicas, o canal aberto através do qual podem relatar as suas vivências e dificuldades, etc. A acrescentar a todo o leque de serviços prestados, de realçar, ainda, o facto de promovermos uma “network” entre todos os rádios. Eles usam os rádios para comunicarem uns com os outros e aproveitam para dizer brincadeiras, contar anedotas, sendo muito solidários uns com os outros. São capazes de partilhar combustível ou o antibiótico em falta. Se algum tiver um problema e ficar para trás, o outro não se importa de navegar algumas milhas para trás ou para o lado com o intuito de ajudar quem precisa. O espírito de entre-ajuda nestes eventos do World Cruising Club é um dos sentimentos mais fortes e notórios, verdadeiramente interessante e importante”.

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“Sou um apaixonado pelos Açores”

Trabalho intenso

Surfista com mais de 30 anos de experiência e uma grande relação com o mar, Manuel encara este trabalho como uma oportunidade para viajar – o que sempre quis fazer – o que não significa que não seja intenso. “É isso que faz com que o meu relacionamento com os tripulantes se torne mais próximo. Aqueles que já são repetentes nestas andanças dão-nos uma ajuda com os novos participantes. Há uma grande concentração de eventos num curto espaço de tempo e nós, da Organização, somos solicitados para prestar apoio na resolução de problemas da mais diversa ordem. Nesse sentido, disponibilizamos uma linha, que se encontra aberta 24 horas por dia, a fim de que possam relatar os seus problemas. É desta forma que se vai gerando uma confiança, que cresce com o tempo.

O nosso entrevistado trabalhou nas Marinas de Lagos e Cascais e na Expo’98, onde conheceu o patrão da empresa. Depois de ter colaborado na organização da ARC Europe Portugal, ganhou uma amizade que se manteve e o catapultou para outras aventuras organizativas, conduzindo-o a muitos pontos do globo.

Embora o inglês ajude muito neste trabalho, a verdade é que a língua de Camões também já o tornou peça fundamental em Cabo Verde e noutros destinos.

Para quem estudou na Escócia e trabalhou no Sul de Inglaterra, viajar faz parte do ADN. Por isso, Manuel confidencia: “Só o facto de fazer a mala já é uma excitação”.

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