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Casa cheia na estreia do documentário “Fayal: Retrato do Passado”, da autoria de Rui Dowling

rui dowling apres doc fayal retrato passado 2017
Rui Dowling estava visivelmente surpreendido pela aceitação que o seu documentário mereceu por parte das pessoas que encheram o Auditório da Biblioteca da Horta

Rui Dowling era um realizador feliz quando as luzes do Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, na Horta, se acenderam, após a exibição do seu documentário intitulado “Fayal: Retrato do Passado”.

A sala encontrava-se lotada com familiares, amigos, colegas e conhecidos que quiseram dizer ao Rui, de viva voz, que apoiam e apreciam o trabalho dele, dando-lhe os parabéns.

Antes de a tela refletir o esforço de meses, o autor confessou, baixinho, que se sentia “nervoso”, mas ninguém se apercebeu disso. Além do mais, este homem do cinema de documentário anda tão requisitado em entrevistas – rádio, televisão e imprensa – que não há tempo para pensar em questões comesinhas. Rui: não é só andar de câmara em punho a captar imagens e a registar o que os outros dizem e fazem. Agora, mais do que nunca, estás no lado oposto da barreira, ou seja, também passam a andar atrás de ti a querer saber o que te move. As luzes da ribalta incidem sobre ti, projetando o teu trabalho, uma paixão absorvente.

O documentário está estruturado em 5 pontos, começando pelo Povoamento do Faial, abordando as várias ermidas, igrejas e conventos que existiram, bem como a Horta dos Clippers e dos Cabos Submarinos, com destaque para o porto, embora o autor sublinhe que “é possível ir muito mais longe”.

Este trabalho baseia-se em informação histórica, sendo muito enriquecido com fotografias antigas – do porto, dos Dabney, do casario hortense, das igrejas, etc – e depoimentos de historiadores como Júlio da Rosa, Machado Oliveira, e dos professores Fernando Faria e Carlos Lobão.

Em declarações ao Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta (CNH), Rui Dowling explicou que passou “muitas horas” na Biblioteca a recolher informação escrita, documental e fotográfica, tendo contado com “o apoio imprescindível” de quem ali trabalha. Por isso, endereça “um agradecimento enorme” a esta casa cultural, dinâmica e muito ativa – superiormente dirigida por Luís São Bento – que o ajudou a alcançar este desiderato.

Questionado sobre a maior dificuldade encontrada, refere que “foi o tempo necessário para editar”, o que implica uma seleção criteriosa.

Este jovem realizador nota que gosta de fazer recolha e, embora tenha revelado que há projetos na calha, preferiu não divulgar o que por aí vem.

Rui Dowling agradeceu a toda a equipa que o ajudou neste projeto e lembrou que o amigo Francisco Dias não estava presente devido a um problema de saúde, desejando que tudo se resolva pelo melhor.

Uma viagem ao passado

No tempo em que o autor se manteve disponível para responder às questões do público, houve quem tenha dito que este documentário nos transporta para o passado, apesar de Rui Dowling ser bastante jovem.

Instado a deixar o seu olhar sobre a perspetiva futura do Faial, Rui responde que “poderá ser o turismo”.

Pegando na deixa e naquilo que o documentário mostrou, um dos presentes assinalou que o Faial precisa é de quem se fixe cá, acrescentando que, se os Dabney fossem turistas não teriam desempenhado este importantíssimo papel na ilha do Faial. E uma outra voz combateu, alertando para o facto de muitos turistas já se terem radicado nesta ilha. Neste pingue-pongue verbal, foi dito que os turistas que se radicam já estão numa fase de vida tranquila, em contra-ciclo com a idade fértil para constituírem família, ou seja, já não são gente jovem, com capacidade para gerar mais vida.

Dabneys dinamizaram porto da Horta

José Decq Mota, amigo de Rui Dowling, e que, enquanto Presidente do Clube Naval da Horta fez questão de estar presente manifestando o seu apoio incondicional a este atleta de Vela Adaptada do CNH, também interveio. Depois de felicitar o autor pelo seu trabalho, e esforçando-se para manter em segredo alguns dos planos futuros, este Dirigente Associativo do clube naval mais dinâmico dos Açores, salientou que “a Horta é aquilo que é por causa da baía que havia e do seu porto”. E prosseguiu: “A Horta existiu por isso”.

Desenvolvendo o seu raciocínio, José Decq Mota, um defensor acérrimo do Faial e um conhecedor profundo da história do porto, dos feitos dos Dabneys e de outras matérias relacionadas, explicou que “os Dabney vieram para o Faial no século XIX porque esta baía era muito procurada”. E lembrou que, “apesar de o porto da Horta ser muito importante, não tinha apetrechamento algum”. E é o primeiro Dabney que aqui aporta “num barco desmantelado”, e  que teve de permanecer no Faial 5 semanas para que  pudesse ser reparado, que vai rentabilizar todo este potencial. “A Horta era um ponto intermédio nas ligações marítimas. Percebendo tudo isso, os Dabney montam aqui um arsenal marítimo, aproveitando para fazer negócio. E um desses negócios foi a exportação e valorização do vinho do Pico, mas de forma mais massiva e sistemática em relação ao que já acontecia. Os navios saiam do Faial com óleo de baleia e vinho, rumo aos EUA, mas vinham carregados com outros produtos que eram muito apreciados localmente, onde eram empregues os dividendos adquiridos nos florescentes negócios em curso”.

E foi essa família americana, que esteve no Faial perto de um século, “que impulsiona o comércio e dinamiza o porto da Horta, ainda sem doca”. Nesse tempo, reforça José Decq Mota, “chegavam aqui muitos navios a arder, a necessitar de reparações ou a deixar doentes. Era por causa desse intenso movimento e da constante sinistralidade marítima, que se encontrava estacionado no Faial, o rebocador holandês, sempre pronto a prestar socorro”.

Porto da Horta: o mais importante na náutica internacional de recreio

Em contraponto a esse período de ouro da história faialense, surgiu um outro, igualmente internacional, e que tem catapultado o Faial para o mundo: a náutica de recreio. O Presidente do Clube Naval da Horta acentuou que “o porto da Horta continua a ser o mais importante na náutica internacional de recreio e o melhor a nível nacional e poderia dar melhor resposta se fosse mais bem tratado”.

E ficou por aqui a aula de história e de enquadramento real e atual da importância do porto da Horta, não por falta de conhecimento ou argumentos por parte do preletor, mas, porque, isso levaria a um debate intenso e aceso, necessário e justo, mas noutro contexto, perante outros atores, que todos os dias remam contra a maré. Tanto no passado como no presente, o porto da Horta continua a ser uma referência mundial com uma importância catalisadora para a ilha. A história assim o demonstra e continuará a mostrar, e cegos são aqueles que não querem ver.

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Álvaro Medeiros (Música), José Decq Mota (Presidente do CNH), Rui Dowling (Produção) e Paulo Bicudo (Produção e Fotografia), no fim da apresentação do documentário “Fayal: Retrato do Passado”, na Biblioteca da Horta

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