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Padre Júlio da Rosa homenageado com Busto no adro da Igreja das Angústias

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A figura (grande) do Padre Júlio da Rosa continua a ser lembrada e destacada no meio faialense. Em boa hora a Junta de Freguesia das Angústias teve a iniciativa de constituir uma Comissão que tinha como incumbência organizar uma Homenagem, a título póstumo, ao Homem que se deu e tudo deu pela Paróquia de Nossa Senhora das Angústias: Júlio da Rosa.

A Comissão foi constituída no dia 3 de maio de 2016, sendo composta pela Junta de Freguesia das Angústias, representada pelo seu Presidente, José Costa; pelo Pároco, Padre Paulo Silva; pela Fundação Mater Dei, representada pelo seu Presidente, Carlos Lobão, e pelo Senhor Vasco Silva, Amigo Pessoal do homenageado.


O Busto de Monsenhor Júlio da Rosa está no adro da “sua” Igreja das Angústias e é da autoria do escultor Rui Goulart

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A materialização desta Homenagem, justa e sentida, traduz-se num Busto do Padre Júlio da Rosa, que se encontra no adro da “sua” Igreja de Nossa Senhora das Angústias, cuja cerimónia de descerramento ocorreu na tarde deste sábado, dia 27, integrada nos festejos da Padroeira das Angústias.

Na sua intervenção, José Costa vincou que a Comissão acolheu este projecto “com todo o empenho”, tendo definido como prazo para a sua concretização e descerramento, a Festa em honra de Nossa Senhora das Angústias, que o Padre Júlio tanto apego tinha.

Esta justíssima homenagem contou com os donativos do povo das Angústias, a quem a Comissão agradece. José Costa deixou, ainda, um agradecimento especial a João Carlos Cardoso Pinheiro, a Rui Maciel, Rui Baptista e Eduardo Teixeira pelo seu “empenho na organização de eventos destinados à angariação de fundos junto dos nossos emigrantes radicados na Costa Leste dos EUA”, e que se traduziu num montante líquido de 2.729,00 euros. Palavras de profundo reconhecimento foram também endereçadas a José Ilídio Ferreira – presente na cerimónia – assim como a Manuel Goulart e esposa, Manuela Goulart, Frank-Sue-Leal, Manuel Sousa e esposa, que, afincadamente trabalharam na organização de eventos que totalizaram um saldo de 5.019,00 euros.

Neste capítulo de reconhecimentos, José Costa enalteceu o “excelente” trabalho do escultor, Rui Goulart (ausente por motivos de saúde) e agradeceu a colaboração da Câmara Municipal da Horta na realização do projecto e estrutura que serviu de base à colocação do Busto.

O porta-voz desta Comissão – simultaneamente Autarca das Angústias – fez questão de expôr publicamente as contas deste projecto, que são as seguintes:
Receitas: 9.891,00 euros
Despesas:
- Escultor: 3.200,00 euros
- Fundição: 3.040,00 euros
Total das despesas: 6.240,00 euros
Saldo positivo: 3.651,00 euros

 Por deliberação da Comissão, o valor de 3.651,00 euros será doado à Fundação Mater Dei, de que o Padre Júlio da Rosa foi fundador e à qual deixou variadíssimo espólio pessoal.

A cerimónia decorreu após a eucaristia festiva das 19 horas – celebrada pelo Padre Pedro Lima, afilhado de Monsenhor Júlio da Rosa – e contou com a presença de convidados (onde se incluiu o Presidente da Direcção do Clube Naval da Horta (CNH), José Decq Mota), autoridades mas, sobretudo, familiares, amigos, padres e antigos paroquianos do Padre Júlio da Rosa, que quiseram associar-se a esta iniciativa de cunho pessoal de José Costa, um Amigo do homenageado e um Autarca que soube sempre reconhecer, distinguir e valorizar o legado do maior Historiador do Faial no que ao Povoamento diz respeito, e um dos maiores dos Açores.

Júlio da Rosa da Silveira nasceu a 24 de maio de 1924, nos Flamengos, mas foi na Praia do Norte que cresceu e viveu a sua infância, até ingressar no Seminário, no ano de 1938.

Ordenado sacerdote em 1949, entra ao serviço da Paróquia de Nossa Senhora das Angústias nesse mesmo ano, onde se manteve como Pároco ao longo de mais de 6 décadas.

Além de Sacerdote, destacou-se como Historiador, Professor e Jornalista. Foi condecorado e distinguido dentro e fora do seu país, figurando o seu nome na toponímia local. É autor de várias obras, tendo sido um assíduo colaborador na imprensa local, regional, nacional e internacional. Faleceu a 13 de novembro de 2015, com 91 anos de idade. No dia 24 deste mês – dia do seu aniversário natalício – foi exibido no Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, na Horta, o documentário “Fayal: Retrato do Passado”, da autoria de Rui Dowling, em que o Historiador Júlio da Rosa dá o seu testemunho sobre o Povoamento da Ilha do Faial.  

“É importante deixar marcos históricos para as gerações vindouras”

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José Ilídio Ferreira, um filho da Terra e um emigrante de sucesso no Canadá, apela para que o Faial divulgue o que é nosso

Representando a Comunidade Portuguesa do Canadá que, carinhosamente abraçou esta iniciativa, José Ilídio Ferreira disse, em declarações ao Gabinete de Imprensa do Clube Naval da Horta, que se encontrava no Faial quando surgiu esta ideia.

“Fui contactado pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia das Angústias, que já tinha falado com o Sr. Manuel Goulart e esposa, Sra. Manuela Goulart e, no seguimento dessa abordagem, reunimos um grupo de 140 amigos em Toronto, a 29 de janeiro deste ano, na sede da Casa dos Açores, tendo contado com o grandioso apoio do Restaurante “Ilhas de Bruma”, que ofereceu a comida para toda aquela gente e devo realçar que esta empresa não é de gente açoriana. Por isso, o que nos interessa são as comunidades unidas. Numa tarde, no decorrer de um almoço-matiné, juntámos 7 mil e tal dólares que, seguindo o câmbio português, renderam 5.019 euros. A comunidade aderiu tendo em conta que estamos a falar de Monsenhor Júlio da Rosa, uma pessoa muito querida nas Comunidades e um Homem que sempre afirmou e divulgou a cultura faialense; não só a Paróquia das Angústias, mas toda a ilha do Faial, e isso faz com que este apoio não seja encarado como uma ajuda, mas sim, como um privilégio da nossa parte, ao podermos contribuir ao lado da Junta de Freguesia das Angústias. O Faial ficou mais rico e, tal como foi aqui afirmado, é importante que as camadas vindouras se vão inteirando destes marcos históricos, pois Monsenhor Júlio da Rosa foi uma figura que muito lutou pela sua terra”.

Perante a afirmação de que o Padre Júlio continua vivo entre nós, José Ilídio Ferreira – um filho da Terra, economista de sucesso, há 32 anos emigrado no Canadá – acentua que “pessoas que trabalham sem esperar nada em retorno, continuam vivas e a sua obra tem de ser perpetuada”. E nesse sentido realça que “esta foi uma Homenagem muito merecida”, não duvidando de que “há muitos outros que merecem, também, vir a ser homenageados”.

José Ilídio Ferreira salienta a importância de “os faialenses começarem, em conjunto com as Comunidades, a divulgar aquilo que é nosso”. E frisa: “Não estejam à espera dos outros. Portugal é um país pequeno, mas em conjunto com as Comunidades, é uma grande Nação”.

Este homem dos dois lados do Atlântico é, assim, o portador do imenso abraço de amizade e reconhecimento do Faial para com a Comunidade Portuguesa do Canadá.

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José Costa reconheceu e agradeceu a preciosa colaboração da Comunidade Portuguesa na Costa Leste e no Canadá

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... Ele foi, ao longo de mais de 60 anos, um instrumento nas mãos do Senhor, que incutiu na criança que ficara órfã de mãe, a semente de ser anunciador do Reino de Deus. A Mãe de Jesus Cristo, que ele tão profundamente venera na figura da “sua” Senhora das Angústias, velou pelo menino que, desde criança, sempre quis ser padre, e já fazia sermões para os outros meninos.

O chamamento aconteceu, a vocação existia e Júlio da Rosa tornou-se no Pastor que congrega o rebanho e o conduz por sendas direitas. O caminho foi árduo, mas ele soube aceitar a sua missão e fazer crescer o seu povo na fé, no espírito e no intelecto. Determinado a concretizar um sonho que, quase todos julgavam impossível, a Criança que recebia o amor maternal das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras; depois o jovem Padre já cobiçado pelos homens da cultura de outras paragens; o Orador empolgante que sabia tocar o coração e a mente dos fiéis; depois o Homem douto e iluminado, variadíssimas vezes homenageado e reconhecido no país e no estrangeiro, nunca vacilou no seu desejo e aspiração suprema: vir trabalhar para a sua terra natal! E foi no Faial, e de modo particular na freguesia das Angústias, que exerceu o seu múnus sacerdotal, de forma exemplar, dando-se e doando-se ao longo de toda uma vida.

 

O Padre Júlio elevou o nível social e cultural das suas gentes das Angústias, ao ponto de ter criado uma popularmente conhecida “Universidade”, mas a verdade é que este Povo soube sempre ser totalmente cooperante e amigo. Ele fez a Paróquia e a Paróquia fez dele um modelo. Ele foi o Pastor na igreja; o Mestre na Casa dos Rapazes; o Chefe sempre alerta nos Escuteiros; o Pedagogo na Escola Paroquial; o Amigo que matou a fome com a Cozinha Paroquial; o Bom Samaritano que auxiliou com a Conferência Vicentina; o Jornalista d’”A Vida”; o Cronista na imprensa local, regional e estrangeira; o Mentor da Fundação “Mater Dei”; o Confessor; o Confidente; o Companheiro e o Líder nato. Mas foi também o Professor no Liceu da Horta; o Director e fundador do Museu de Arte Sacra – o primeiro dos Açores – e depois o Director do Museu da Horta; o co-Fundador do Instituto Açoriano de Cultura, da Terceira, e do Núcleo Cultural da Horta; o Padre sempre pronto a colaborar com os colegas, o Conferencista que viajou pelo mundo sempre ávido por ver e trazer os bons modelos, o Historiador na busca incessante das nossas raízes ancestrais, o Investigador nunca satisfeito, o Literato dono de uma vasta biblioteca e o Autor de tantas obras, que permitirão aos vindouros traçar o perfil de um homem de fé, de sabedoria e de graça.

Sendo grande, fez-se pequenino, como ensina a lição do Mestre. Não viveu de títulos. Fez o caminho caminhando. Habilmente contornou os obstáculos e inteligentemente soube “agarrar” as oportunidades, mostrando que o crer pode tanto ou mais do que o querer.

Ele amou a sua igreja viva e foi sempre fiel ao sim dado no dia 12 de junho de 1949. Cumpriu o maior Mandamento, ao tratar o próximo como a Cristo e pôs em prática as Obras da Misericórdia, pois visitou os presos, os enfermos, saciou a fome do corpo e da alma. Trabalhou para o engrandecimento material da igreja-edifício, deixando como herança um vasto património artístico e muito valioso, em termos históricos, informativos e monetários. Foi graças a muitas dádivas pessoais do Padre Júlio da Rosa que esta se pode orgulhar de ser a mais rica igreja do Faial e uma das mais ricas dos Açores, que ele gostava de ver como Santuário da Mãe de Deus.

São cada vez mais raros Homens como o padre Júlio da Rosa: uma alma humilde, com visão alargada, espírito de entrega e dedicação plena.

Tratando-se de uma figura multifacetada, tudo o que se possa dizer ou fazer é pouco para espelhar uma existência tão rica, pautada pelo serviço a Deus e aos seus Irmãos. O Padre Júlio combateu o bom combate, terminou a sua carreira e guardou a fé.

Somos mais ricos por termos privado com este Homem. Os Faialenses, e em particular os membros da Comunidade Paroquial das Angústias, podem rejubilar-se por terem tido como Pároco alguém tão distinto e peculiar como Monsenhor Júlio da Rosa, um entusiasta do saber sempre mais, que todos os dias fez da pena e da palavra, instrumentos privilegiados de comunicação.

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