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Frota da ARC Europa no Faial: 18 iates de 13 diferentes nacionalidades encantados com a calorosa recepção

Depois de muitos dias no mar, mesmo passados com amigos, sabe bem chegar a uma ilha, no meio do Atlântico, e sentirmos que estamos em casa. É assim que os velejadores deste Rally se sentem no Faial, onde a comida, a hospitalidade, a segurança, o apoio e o programa de boas-vindas convida a uns dias de merecido descanso. O Clube Naval da Horta (CNH) disponibiliza o Centro de Formação de Desportistas Náuticos, garante a logística de Secretariado e as comunicações, o passeio em bote baleeiro e a disponibilidade de atendimento diário dos visitantes, sempre muito bem-vindos na Capital Oceânica do Iatismo.

Até a esta quinta-feira (dia 29) tinham chegado à Horta 18 barcos da ARC, frota que é composta por 31 iates de 13 diferentes nacionalidades, participando embarcações em três diferentes categorias. De acordo com a Organização, estava prevista a chegada de mais 5 na madrugada desta sexta-feira (dia 30).



Refira-se que inicialmente eram 35 os barcos em prova, dos quais 2 desistiram devido a avarias.

A ARC Europa é um Rally Atlântico, organizado pelo World Cruising Club, que todos os anos visita os Açores, com 30 a 35 iates. Muitos são europeus, regressando a casa depois de uma temporada nas Caraíbas, enquanto outros estão estacionados na América do Norte à espera de uma aventura na Europa e no Mediterrâneo.

O World Cruising Club, que tem como representante no Faial José Henrique Azevedo, organiza diversas regatas, sendo esta uma delas.

Este Rally Atlântico tem duas partidas: Portsmouth, VA na Costa Leste dos EUA e Nanny Cay, Tortola nas Caraíbas. Antes de cruzarem o Atlântico rumo aos Açores, as duas frotas reuniram-se em St. George, nas Bermudas.

Lyall Burgess, Responsável pela Regata e João Buraca, da Organização da Prova, encontram-se no Faial desde o dia 22 deste mês, tendo contado com o apoio do Clube Naval da Horta (CNH) ao nível do Secretariado (logística e comunicações) que está a funcionar no Centro de Formação de Desportistas Náuticos do CNH.

Está programada uma cerimónia de entrega de prémios em cada uma das etapas da Regata. Como tal, a primeira teve lugar nas Bermudas, tendo os vencedores dessa primeira perna sido “Malisi”, “Sparta III” e “Anettine”. A segunda cerimónia de entrega de prémios terá lugar este sábado (dia 31), no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. A terceira e última será em Lagos, onde termina este Rally.


João Buraca, da Organização da Prova e Lyall Burgess, Responsável pela Regata
Fotografia de: Cristina Silveira

Após a largada do Faial, o que está previsto acontecer na tarde deste domingo (dia 1 de Junho), a frota ruma em direcção à ilha Terceira, parando depois em São Miguel e em Santa Maria. Prevê-se que os barcos estejam todos em Lagos até 15 do próximo mês, dia em que serão entregues os prémios finais.

Os participantes nesta aventura têm como objectivo o convívio e a realização da viagem em grupo, não sendo determinante o factor competitivo. Só assim se compreende que muitos dos velejadores – cerca de 120 no total – pertençam à mesma família e que muitos sejam amigos, com a particularidade de serem todos muito unidos”, como explica João Buraca ou Johny para os estrangeiros.

O “Tosca” é o maior iate a participar nesta prova, medindo 18,5, tendo mesmo sido o primeiro da segunda perna da prova, a chegar à Horta, na tarde do dia 25, vindo das Bermudas. De realçar que, tal como o “Tosca”, muitos outros barcos estão a navegar à vela, prescindindo dos motores.


“Tosca”: o primeiro barco a chegar à Horta, vindo das Bermudas
Fotografia cedida por: João Buraca

No âmbito do programa de recepção organizado na ilha do Faial, esta quinta-feira (dia 29), houve um jantar na pedra, no “Canto da Doca”.

Além do apoio já referido, o CNH também preparou um passeio de Botes Baleeiros para esta sexta-feira (dia 30), circuito que inclui a observação de baleias. Sábado, último dia do programa no Faial, está prevista uma volta à ilha, terminando com um pôr-do-sol, com a chancela do Turismo, e a entrega de prémios.

A propósito, o Presidente da Direcção do CNH, José Decq Mota, refere que “o Clube Naval da Horta é, desde sempre, parceiro no apoio a esta Regata, sendo esta a terceira vez que organiza o passeio nas antigas embarcações que andavam na faina da baleia”.

Uma vez que os velejadores se encontram na ilha do Peter, o bar mais famoso do Mundo para marinheiros, desde há alguns dias que tem sido ponto de romaria por parte destes lobos do mar, que saborearam o afamado gin e visitaram o Museu de Scrimshaw.

O Peter Café Sport é um lugar por excelência de encontros, onde os marinheiros podem conversar uns com os outros, contando histórias e experiências das suas epopeias pelo Atlântico e não só. A paragem na Horta – Capital Oceânica do Iatismo – tem permitido deslocações fáceis a outras ilhas do arquipélago, nomeadamente ao Pico.

Na Ilha Azul também tem sido possível identificar, através das pinturas na Marina, a marca deixada por alguns dos barcos de outras Regatas ARC Europa que, ao longo dos anos, foram escalando a Horta.

Tal como os Comandantes Cousteau, Tabarly, Moitissier e tantos outros pararam na Horta antes da etapa seguinte na sua viagem através do Atlântico, também estes amantes do mar e da aventura, ancoraram nas águas calmas e convidativas do Faial, onde se respira hospitalidade e simpatia. “As pessoas são muito prestáveis e dão-nos informações mesmo sem pedirmos”, constata João Buraca que se sente maravilhado por estar nos Açores e ter a oportunidade de conhecer estas ilhas que fazem parte do seu país, e onde, confessa, comeu “os melhores bifes”.

“As boas vindas nestas ilhas são sempre incríveis e estamos particularmente agradecidos ao Azores Tourist Board pelo caloroso acolhimento, tendo oferecido welcome-packs a cada barco na sua chegada ao Faial. É tudo fantástico e muito apreciado pelas tripulações depois de tantos dias passados no mar, com o propósito de aqui chegarem”.

Em cada uma das Marinas açorinas por onde a ARC Europa passa, é organizado um programa de actividades sociais e turísticas.

As condições atmosféricas para esta travessia constituem sempre um desafio e este ano não foi excepção. Com ventos fortes na primeira metade da viagem, os barcos atingiram grandes velocidades, tendo o “Tosca” (Moxie 61) sido o mais veloz, navegando a uma velocidade de 26 nós.

Segundo informação da Organização, “o Atlântico Norte é um rito de passagem para qualquer marinheiro e não há melhor ponto de paragem do que os Açores”.

O altruísmo do “Malisi”

Tal como já foi mencionado, a competição não é, de todo, o mote deste Rally. A comprová-lo de forma muito significativa, está o gesto altruísta da tripulação do “Malisi” (Outremer 64) que desempenhou um importante papel nas buscas feitas ao “Cheeki Rafiki”, o iate recentemente desaparecido no meio do Atlântico. O capitão do “Malisi”, Patrick Michael, decidiu iniciar uma busca na tentativa de encontrar os 4 membros da tripulação desaparecida, o que fez ao longo de 36 horas. Sob a orientação da Guarda Costeira dos EUA, foi definida a área de procura para as buscas e salvamento, tendo a tripulação do “Malisi” feito um trabalho incansável e louvável, esforços que foram apreciados por amigos e familiares das vítimas desaparecidas.


Tripulação do “Malisi”
Fotografia cedida por: João Buraca