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Edmar Delgado, Treinador de Vela Ligeira do CNH: “Trabalhar com crianças implica ter responsabilidade”

“O CNH tem um leque de áreas de intervenção muito vasto e diversificado”

É competitivo por natureza e em tudo o que se envolve é para ganhar. Por isso, trocou o futebol pela Vela e hoje é Treinador de Vela Ligeira, Grau I, no Clube Naval da Horta (CNH). Falamos de Edmar Delgado, licenciado em Desporto, com uma pós-graduação em Ciências do Desporto, que se divide entre o Pico e o Faial.

A intenção era ser professor de Educação Física, confessa, mas o gosto pela Vela deu-lhe a oportunidade para estagiar e ser Treinador.

Após ter realizado o Estágio L no Clube Naval da Madalena – onde fez Vela durante cerca de 8 anos – Edmar passou a dar treinos nesta instituição náutica. Foi na sequência do intercâmbio existente entre o Clube Naval da Horta e o Clube Naval da Madalena – muito fomentado pelo actual Presidente da Direcção do CNH, José Decq Mota – que este Técnico viu a possibilidade de os seus alunos passarem a treinar no Faial, pelo facto de a Madalena ter ficado com menos um barco de apoio. “Ao mesmo tempo que os velejadores do Clube Naval da Madalena treinavam no CNH eu também dava o meu apoio ao Clube do Faial, ajudando nos treinos da Turma de Iniciação”.

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“Gosto de ser Treinador porque vejo evolução”

Foi graças a essa salutar relação desportiva e de amizade que Edmar passou a ser Treinador de Pré-Competição, e também de Aperfeiçoamento, no CNH. “Gosto de ser Treinador porque vejo evolução. É um trabalho conjunto de quem ensina e de quem aprende, mas sem dúvida que implica ter paciência e saber gerir emoções”.

Este Técnico destaca a importância da regularidade tendo em vista a evolução do conjunto. “Se um atleta faltar a um treino implica um atraso relativamente aos colegas, o que significa que na vez seguinte terei de recuar no programa delineado a fim de que ele possa acompanhar os outros”.

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“A Vela é um desporto fantástico”

Edmar enfatiza “a belíssima relação” existente com o CNH – “dou-me bem com toda a gente e todos são simpáticos” – onde tem, sempre que chega, “tudo preparado” para dar os treinos. “Em termos de dimensão, não há comparação entre o Clube Naval da Madalena e o Clube Naval da Horta. O CNH está noutro patamar. Tem um volume de actividades largamente superior e um leque de áreas de intervenção muito vasto e diversificado”.

Edmar Delgado nasceu em Cabo Verde há mais três décadas, mas reside no Pico desde os 12 anos. Sente-se tanto de lá como de cá, mas aprecia “sobremaneira” a qualidade de vida que temos nos Açores, bem como o tempo, dispensando a humidade.  “Infelizmente, há muita gente que não valoriza isto. É preciso que saiam para perceber o muito e bom que têm aqui”.

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“Os meus actuais alunos estão numa faixa etária boa para serem trabalhados”

Considera a Vela “um desporto fantástico e caro”, sublinhando “o papel fulcral dos clubes na Região, os quais oferecem tudo ou quase tudo para a prática desta modalidade”. “Os pais não têm percepção dos encargos assumidos pelos clubes, onde se insere o Clube Naval da Horta, e da importância que assumem na formação desportiva e pessoal dos filhos deles”, salienta.

Assumindo-se como perfeccionista e exigente consigo próprio, este Técnico sente necessidade de “aprender e saber mais”, reconhecendo que a Vela lhe trouxe responsabilidades. “Trabalhar com crianças implica ter responsabilidade”, vendo-se como um modelo para os seus alunos. Nesse contexto, sustenta: “O facto de trabalhar num ginásio já trouxe essa cultura, pois, quem estimula os outros a estilos de vida saudáveis tem de funcionar como um exemplo”.

“É preciso saber ensinar”

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A Vela é uma escola a todos os níveis

Como faixas etárias preferidas para trabalhar, elege as crianças – a quem é preciso “saber impôrmo-nos”, havendo alturas para brincar e para trabalhar – e os idosos, que “são curiosos na área do ginásio, onde tudo é novo. Os mais dificeis de trabalhar são os adultos”.

“É preciso saber ensinar, sendo imprescindível o planeamento e o ajustamento a cada criança. A Vela não é difícil; as pessoas, sobretudo os adultos, é que complicam. É verdade que não fomos feitos para andar no mar, mas quem tiver vontade, aprende sempre e quem não tiver jeito, tem de ter mais trabalho e disciplina. Sem trabalho não se chega a lado nenhum e o que noto é que estas crianças com 10/11 anos são muito mimadas. Já lidei com terroristas mas não me faltavam ao respeito. Os meus actuais alunos estão numa faixa etária boa para serem trabalhados. Dou-me bem com eles e o grupo já está ambientado”.

Quanto a material, este Treinador entende que para a Iniciação “o que existe é bom”. Mas acrescenta: “Claro que se estes atletas continuarem, quando houver provas vão ser necessários mais barcos ou velas.

“Gostava de ter o meu próprio ginásio”

Paralelamente à função de Treinador, Edmar é ‘personal trainer’ num ginásio da Madalena, o que se torna “cansativo mas dá gosto”. E, a propósito, revela: “Gostava de ter um ginásio meu. Sou adepto da competição mas cada vez me sinto mais realizado na área da saúde. Para mim, ginásio é sinónimo de saúde. Trabalho com problemas de mobilidade, obesidade, diabetes (tem de ser controlada) e outros. Os profissionais de desporto desenvolvem a sua acção com pessoas saudáveis ao passo que os médicos tratam a doença”.

Portanto, se ganhar o euromilhões – primeiro é preciso começar a jogar – o dinheiro já tem destino certo.

Além disso, Edmar também pretende “fazer a diferença” na sua terra natal. “O meu objectivo passa por abrir lá uma Escola de Vela proporcionando àquelas crianças a oportunidade de praticarem este desporto. Trata-se de um projecto social, sem qualquer vertente lucrativa, pois não há posses para tal”. Este é um ideal que Edmar não desiste de vir a concretizar em Cabo Verde, afirmando que dar treino é algo que pode fazer “até ser velho”.

Outros amores

Este jovem jogou futebol na Madalena mas admite que o facto de não saber perder neste desporto o levou a trocá-lo por outro (a Vela) onde é mais fácil dominar individualmente. “No futebol, não dependes só de ti mas de uma equipa. Se me dedico a algo, gosto que os outros também se empenhem na concretização desse objectivo comum, o que nem sempre acontecia”.

Treinar no ginásio, fazer caminhadas, trilhos e ioga, são outras vertentes na vida deste amante do desporto, que também já jogou basquetebol.

A Marcha da Casa do Povo da Criação Velha – que vai sair à rua este mês, por altura das Festas de Santa Maria Madalena – tem ocupado muitas horas deste adepto da boa forma física, que adora viajar. “Gostava de ir ao Japão, pelo fascínio que aquela cultura exerce em mim, mas cá dentro não me importava de conhecer as ilhas dos Açores, de mochila às costas”.

Sempre visando a actividade física, Edmar tem predilecção pela dança (ritmos latinos) e é instrutor de zumba, dando aulas no Pico. “Comecei a dar aulas de zumba em 2014, na Guarda, onde estudei, e atendendo ao grande interesse manifestado (pelas mulheres), mantive esse exercício até hoje”.

Como caboverdeano que é, Edmar Delgado continua a apreciar uma boa cachupa – que a irmã faz para matar as saudades da terra natal – não havendo um prato local a que dê particular atenção. A pensar na qualidade, este Capricórnio elege os legumes e uma alimentação variada e controlada.

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